quinta-feira, novembro 20, 2008

Consciência Negra: A verdadeira abolição

O 20 DE NOVEMBRO TRATA DA DATA DO ASSASSINATO DE ZUMBI, EM 1665, O MAIS IMPORTANTE LÍDER DOS QUILOMBOS DE PALMARES, QUE REPRESENTOU A MAIOR E MAIS IMPORTANTE COMUNIDADE DE ESCRAVOS FUGIDOS NAS AMÉRICAS, COM UMA POPULAÇÃO ESTIMADA DE MAIS 30 MIL.
PALMARES DUROU CERCA DE 140 ANOS: AS PRIMEIRAS EVIDÊNCIAS DE PALMARES SÃO DE 1585 E HÁ INFORMAÇÕES DE ESCRAVOS FUGIDOS NA SERRA DA BARRIGA ATÉ 1740, OU SEJA, BEM DEPOIS DO ASSASSINATO DE ZUMBI. EMBORA TENHAM EXISTIDO TENTATIVAS DE TRATADOS DE PAZ OS ACORDOS FRACASSARAM E PREVALECEU O FUROR DESTRUIDOR DO PODER COLONIAL CONTRA PALMARES.
HÁ 32 ANOS, O POETA GAÚCHO OLIVEIRA SILVEIRA SUGERIA AO SEU GRUPO QUE O 20 DE NOVEMBRO FOSSE COMEMORADO COMO O "DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA", POIS ERA MAIS SIGNIFICATIVO PARA A COMUNIDADE NEGRA BRASILEIRA DO QUE O 13 DE MAIO. "TREZE DE MAIO TRAIÇÃO, LIBERDADE SEM ASAS E FOME SEM PÃO", ASSIM DEFINIA SILVEIRA O "DIA DA ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA" EM UM DE SEUS POEMAS.
EM 1971, O 20 DE NOVEMBRO FOI CELEBRADO PELA PRIMEIRA VEZ. A IDÉIA SE ESPALHOU POR OUTROS MOVIMENTOS SOCIAIS DE LUTA CONTRA A DISCRIMINAÇÃO RACIAL E, NO FINAL DOS ANOS 1970, JÁ APARECIA COMO PROPOSTA NACIONAL DO MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO.

SER E NÃO SER

Oliveira Silveira

O racismo que existe,
o racismo que não existe.
O sim que é não,
o não que é sim.
É assim o Brasil
ou não?

Oliveira Silveira nasceu em 1941, no interior de Rosário do Sul/RS. É Professor e militante do Movimento Negro. Sugeriu e atuou na evocação do dia 20 de novembro, data lançada nacionalmente pelo Grupo Palmares, de Porto Alegre, em 1971. Publicou dez livros, dentre os quais "Banzo Saudade Negra", 1965.
  • Fontes:
    http://www.brazilianmusic.com/aabc/literature/palmares/lino.html
    http://www.mundonegro.com.br
    http://bayo.sites.uol.com.br/historicocadernosnegros.htm

terça-feira, novembro 04, 2008

Barack Obama e a concretização(?) do sonho de King


“Agora é hora de concretizar as promessas da democracia”.
(Martin Luther King, em Washington, D.C., por Trabalho e Liberdade, em 28 de agosto de 1963)

“Estas eleições não são de ‘negros contra brancos’, mas sim do ‘passado contra o futuro’”. (Barack Obama, em seu discurso na Carolina do Sul, em janeiro de 2008)

“Concluo dizendo que cada um de nós deve manter a fé no futuro”.
(Martin Luther King, na Peregrinação pela Liberdade, Washington, D.C., 17 de maio de 1957)

Não costumo falar ou escrever sobre política, mas, hoje, excepcionalmente, o faço. É dia de eleição presidencial nos EUA, e estamos – o mundo! – apostando todas as fichas na vitória no candidato democrata Barack Obama. Não somente pela razão de, se eleito, vir a ser o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos da América, mas também de trazer à tona um dos sonhos de liberdade e igualdade de Martin Luther King: “o nascimento de uma nova nação”, fortemente enraizado no ideal do “sonho americano”.

“Changing we need” é o ponto central nos discursos do senador em sua corrida à Casa Branca, visando uma nação justa. Essa mesma justiça, a que todos os americanos teriam direito - de acordo com a Constituição e a Declaração da Independência daquele país, cuja promessa era a de que todos os homens, negros e brancos igualmente, tivessem garantidos os “direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca da felicidade” - foi a principal motivação dos discursos do pastor, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1964.

Mais do que como estratégia política, o discurso de Obama, assim como o de King, soa como um apelo à consciência. King acreditava no triunfo de “negros e brancos, juntos” compartilhando um propósito comum. E Obama é exatamente isto: o negro e o branco, juntos!, conforme disse em um de seus discursos: "Nestas eleições não se trata de escolher segundo a região de cada um, a religião ou o gênero. Não se trata de ricos contra pobres, jovens contra velhos, nem brancos contra negros. Trata-se (de uma batalha) do passado contra o futuro".

E então a história se repete. Esperamos, neste caso, que não em sua totalidade... Martin Luther King, em 3 de abril de 1968, disse: “Bem, não sei o que acontecerá agora. Dias difíceis virão. Pois eu estive no topo da montanha”. No dia seguinte, um tiro calaria a sua voz, mas não seus sonhos e ideais.

Se dessa vez não houver “pane no sistema” na apuração dos votos, Barack Obama chegará ao topo da montanha, pois, como diria King, “seria fatal para a nação ignorar a urgência do momento”. É o momento de lembrarmos que ele tinha um sonho, e, gosto de acreditar, esse sonho está a um passo de se concretizar, nas palavras do senador de Illinois. "Sim, podemos mudar tudo isto. Podemos mudar nossa nação e construir um futuro novo". Assim seja.

Esperamos que suas ações correspondam às suas palavras.

“Oh, Deus, misericordioso Pai do Céu, ajude-nos a ver as revelações que vêm dessa nova nação”. (M. L. King, Montgomery, Alabama, em 7 de abril de 1957).

Referências:

CARSON, Clayborne & SHEPARD, Kris. (Orgs) Um apelo à consciência: os melhores discursos de Martin Luther King. Tradução de Sergio Lopes; apresentação da edição brasileira e notas de Arthur Ituassu. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.