Achava que ter um blog era um bicho de sete cabeças. Não é. E aqui estou: conectada ao mundo!
O computador e eu nos conhecemos em 1990, quando trabalhava como secretária de diretoria, num escritório jurídico. A partir daquele momento tínhamos de trabalhar juntinhos, full time! Confesso que não foi nada fácil. A relação não era nada amigável da minha parte. Ele ficava ali, coitado, o tempo todo disponível, só esperando por um "carinho" meu. Relutei muito em aceitá-lo na minha rotina.
Na minha sala, tinha uma máquina de escrever "Olivetti", preta, linda, elétrica, de ultimíssima geração!!! Ela, sim, entendia perfeitamente a velocidade que eu precisava em meu trabalho.
Como a empresa investiu pesado naqueles novos equipamentos (computadores e impressoras) a chefia toda queria que fossem utilizados. Passaram a ser a menina dos olhos de todos naquele escritório. Aos meus olhos, porém, a "minha máquina" era ainda a melhor tecnologia. Mas, por ordens expressas e supremas, eu "tinha" de passar a trabalhar com "aquela coisa". Ô tempos difíceis aqueles! O papel sempre agarrava na impressora! Sim, porque não se usava papel "normal". Usávamos o que era chamado de formulário contínuo. Além disso, eu também tinha "problemas" no teclado: quase enlouqueci com tantos efes (do F1 ao F12!!) até decorar suas funções!
O mais engraçado dessa história é que eu sentia que aquela nova rotina, a qual eu "tinha" de me adaptar, parecia uma batalha - no exato sentido desta palavra. Era como se nós dois - aquela inovação tecnológica e eu - guerreássemos o tempo inteiro. Aquela nova máquina parecia brincar com a minha competência o tempo todo. Usando "aquilo" eu nunca conseguia entregar meu trabalho no prazo determinado.
Daí, voltei a teclar a minha boa e velha "Olivetti". Velha???!! Sim. Àquela altura do campeonato ela já era - definitivamente - obsoleta... Depois que voltei a usá-la percebi que a nossa relação tornara-se meio estremecida. Tentei fingir que estava tudo bem entre nós; que aquele "casamento" ainda seria possível. Mas os sentimentos já não eram os mesmos, pois já conseguia ver com bons olhos, por exemplo, o backspace ou delete do teclado do computador quando tinha de apagar uma letra ou frase ou até mesmo parágrafos inteiros de um texto. Vocês conseguem imaginar o tamanho da minha felicidade ao descobrir que não mais precisaria usar aquela folha de corretivo em pó? Não. Quem não é dessa época não pode dar a dimensão exata do que representou essa descoberta para mim.
Pude, finalmente, entender que tudo o que eu precisava para conseguir operar aquela "maravilha" era ter apenas um pouco de paciência, e estar aberta às mudanças que acompanham toda novidade. E o melhor de tudo isso foi ter entendido, também, que a máquina de escrever não deixou de existir, mas, apenas, ganhou um outro formato. Evoluiu. Assim como todas as invenções evoluem. Há sempre um "novo" a surgir.
Hoje, não trabalho mais como secretária. Sou educadora quase especialista em Língua Portuguesa com ênfase em Produção de Textos. E para seguir essa carreira, além de ensinar, há que se saber aprender. Pôr-se no lugar de aluno. Atualizar-se. E, nisso, a tecnologia digital é grande aliada. Nós, profissionais de educação, em qualquer área do conhecimento - mas principalmente os de língua materna – precisamos utilizar essa poderosa ferramenta. Precisamos aproveitar em sala de aula todos os benefícios que a tecnologia da comunicação vem oferecendo a todos nós.
Como vocês podem notar, eu também evoluí. Ao adquirir as habilidades necessárias para lidar com o "meu" computador, ficou muito claro, para mim, que jamais nos separaríamos.
Belo Horizonte, 30 de outubro de 2007