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segunda-feira, dezembro 28, 2009
FELIZ 2010 !!
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domingo, dezembro 06, 2009
UM POETA E UM POEMA (5)

de mim
sob o poente
mas,
vou me recompondo
com o Sol
nascente,
Tem
Pe
Da
Ços
mas,
diante da vítrea lâmina
do espelho,
vou
refazendo em mim
o que é belo
Naufragam fragmentos
de mim
na coca
mas, junto os cacos, reinvento
sinto o perfume de um novo tempo,
Fragmentos
de mim
diluem-se na cachaça
mas,
pouco a pouco,
me refaço e me afasto
do danoso líquido
venenoso
Tem
Pe
Da
Ços
tem
empilhados nas prisões,
mas
vou determinando
meus passos para sair
dos porões
tem
fragmentos
no feminismo procurando
meu próprio olhar,
mas vou seguindo
com a certeza de sempre ser
mulher
Tem
Pe
Da
Ços,
mas
não desisto
vou
atravessando o meu oceano
vou
navegando
vou
buscando meu
olhar negro
perdido no azul do tempo
vou
vôo,
quinta-feira, outubro 29, 2009
Pense nisto...
terça-feira, outubro 27, 2009
UM POETA E UM POEMA (4)

quinta-feira, outubro 01, 2009
UM POETA E UM POEMA (3)

Foi minha professora de Literatura no curso de Letras. É, para mim, um exemplo de profissional e, acima de tudo, de ser humano. (Imagem tirada daqui).
Mundo, mundo, vasto mundo,
Na face trago as lágrimas
Peço a Deus que me conceda
Espero resposta deitada
Saiba mais sobre a autora aqui e aqui
quarta-feira, setembro 16, 2009
UM POETA E UM POEMA (2)
Noémia deixou Maputo com destino a Lisboa em 1951, tendo dali emigrado para Paris em 1964. Regressou a Lisboa em 1975, onde residiu e trabalhou como jornalista e tradutora até o seu falecimento em dezembro de 2002.[1]
Seu poema Magaiça[2] aponta para o trabalhador moçambicano que emigrava para as minas do Rand ou compounds (áreas de exploração) da África do Sul. Sonhando com uma vida melhor, retorna à terra na condição em que partira, miserável como sempre.
Magaíça
engoliu o mamparra[3],
entontecido todo pela algazarra
incompreensível dos brancos da estação
e pelo resfolegar trepidante dos comboios,
tragou seus olhos redondos de pasmo,
seu coração apertado na angústia do desconhecido,
sua trouxa de farrapos
carregando a ânsia enorme, tecida
de sonhos insatisfeitos do mamparra.
E um dia,
o comboio voltou, arfando, arfando...
oh nhanisse[4], voltou!
E com ele, magaíça,
de sobretudo, cachecol e meia listrada
e um ser deslocado,
embrulhado em ridículo.
Às costas -- ah, onde te ficou a trouxa de sonhos, magaíça? --
trazes as malas cheias do falso brilho
dos restos da falsa civilização do compound[5] do Rand[6].
E na mão,
magaíça atordoado acendeu o candeeiro,
à cata das ilusões perdidas,
da mocidade e da saúde que ficaram soterradas
lá nas minas do Jone[7]...
A mocidade e a saúde,
as ilusões perdidas
que brilharão como astros no decote de qualquer lady
nas noites deslumbrantes de qualquer City.
[1] Informações biográficas retiradas de http://koluki.blogspot.com
[2] Magaíça - mineiro moçambicano regressado da África do Sul
[3] Mamparra - pessoa rústica
[4] Nhanisse - deveras, na verdade
[5] Componde - os acantonamentos ou «reservas» de trabalhadores na África do Sul (do inglês compound); barracão, camarata
[6] Rand - (top. sul-afr.) Unidade monetária principal da África do Sul e da Namíbia
[7] Jone - abreviatura de Joanesburgo = Djoni (= John, Johne) - minas do Rand.
sábado, agosto 08, 2009
UM POETA E UM POEMA
histórias de adormecer
quando o obus
rebenta no quintal
não me peças luz
se as janelas estão trancadas
não me lembres dos traumas
nem fales de fantasmas
quando eu sonho com
todos os companheiros
que sinto perder na batalha
a cada tempo
não me perguntes sobre o amor
que não tive
nem pelo coração, que esse,
faz tempo, jaz gelado
na granada do meu peito.
Porque procuras os meus olhos
se há muito foram perfurados
pelos estilhaços?
Como te atreves a querer
que te dê a mão se ainda agora
a ofereci em troca de pão?
E, sobretudo, não me perguntes
pelo que não disse
pois a minha boca
há muito se fechou à força
do fuzil do homem
que em mim te semeou.
sexta-feira, julho 17, 2009
Sisters in Spirit
.jpg)
Dedico este post especialmente à Koluki , minha 'irmã em espírito', e à Sailor Girl, uma blogger que também muito considero e respeito. Visitar a 'casa' de ambas é sempre um momento prazeroso.
Um beijo carinhoso as duas
segunda-feira, julho 06, 2009
PRÊMIO LEMNISCATA

“O selo deste prémio foi criado a pensar nos blogues que demonstram talento, seja nas artes, nas letras, nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área e que, com isso, enriquecem a blogosfera e a vida dos seus leitores.»
Sobre o significado de LEMNISCATA: «curva geométrica com a forma semelhante à de um 8; lugar geométrico dos pontos tais que o produto das distâncias a dois pontos fixos é constante».
Lemniscato: ornado de fitas Do grego Lemniskos, do latim, Lemniscu: fita que pendia das coroas de louro destinadas aos vencedores. (In Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora)
O símbolo do infinito é um 8 deitado, em tudo semelhante a esta fita, que não tem interior nem exterior, tal como no anel de Möbius, que se percorre infinitamente.”
Numa demonstração INFINITA de amizade e carinho recebi, da mAna KOLUKI, esse prêmio.
Gostaria de passar a corrente a três lindas (no sentido mais amplo dessa palavra) bloggers:
sábado, julho 04, 2009
"Amado Michael"
Poesia de Tom Zé em homenagem a Michael Jackson.
Negro da luz que desbota branco
Tanto talento tormento tanto
Tanta afronta de pouca monta.
Eia! virtudes em farta ceia
Todo encanto que pode o canto
Toda fiança que adoça a dança.
Que deus nos furta vida tão curta?
Mundo lamenta: ele mal cinquenta!
A ninguém ilude essa bruxa rude.
Paroxismo desse Narciso
Que achou desgosto no próprio rosto
E apedrejou-se com faca e foice.
Avança a rua (uma dor que dança)
E em seus telhados mandibulados
Requebra os hinos do dançarino.
Niños, rapazes, se sentem azes
Herdeiros todos e seus parceiros
Revelam parque, porto e favela.
II
Da Grécia três te trouxeram Graças
Arcas repletas de belas artes
Arcas que deram ciúme às Parcas.
Que luz trarias tu, mitologia,
Para um tal desatino de destino
Que o espandongado toma por fado?
Porque o povo grego disse que
Se a hybris o herói consigo quis,
Se condiz ao lado dela ser feliz
Ele mesmo será pão e maldição
Enquanto gera para os olhos de Megera.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u587877.shtml
Sobre o autor: Tom Zé, nome artístico de Antônio José Santana Martins, nasceu em Irará, Bahia, em 11 de outubro de 1936. É compositor, cantor e arranjador, sendo considerado uma das figuras mais originais da música popular brasileira. Participou ativamente do movimento musical conhecido como 'Tropicália' nos anos 1960 e se tornou uma voz alternativa influente no cenário musical do Brasil. A partir da década de 1990 também passou a gozar de notoriedade internacional, especialmente devido à intervenção do músico britânico David Byrne.(http://pt.wikipedia.org/wiki/Tom_Ze)
domingo, abril 12, 2009
"Caruso", numa belíssima interpretação de Zizi Possi
"Ave Maria", de Charles Gounod, por Jorge Aragão
segunda-feira, março 16, 2009
"Podres Poderes", música de Caetano Veloso
Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Motos e fuscas avançam
Os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns boçais...
Queria querer gritar
Setecentas mil vezes
Como são lindos
Como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais...
Será que nunca faremos
Senão confirmar
A incompetência
Da América católica
Que sempre precisará
De ridículos tiranos
Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que esta
Minha estúpida retórica
Terá que soar
Terá que se ouvir
Por mais zil anos...
Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Índios e padres e bichas
Negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnaval...
Queria querer cantar
Afinado com eles
Silenciar em respeito
Ao seu transe num êxtase
Ser indecente
Mas tudo é muito mau...
Ou então cada paisano
E cada capataz
Com sua burrice fará
Jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades
Caatingas e nos gerais
Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais...
Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais...
Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo
Indo e mais fundo
Tins e bens e tais...
Será que nunca faremos
Senão confirmar
Na incompetência
Da América católica
Que sempre precisará
De ridículos tiranos
Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que essa
Minha estúpida retórica
Terá que soar
Terá que se ouvir
Por mais zil anos...
Ou então cada paisano
E cada capataz
Com sua burrice fará
Jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades,
Caatingas e nos gerais...
Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais...
Enquanto os homens
Exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais
Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo...
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
domingo, março 15, 2009
"Incoerência católica"
segunda-feira, março 09, 2009
Os pecados da Santa Igreja
No entanto, hoje, no Dia Internacional da Mulher, preciso registrar minha indignação sobre o caso da menina de 9 anos!!, violentada sexualmente e engravidada de gêmeos pelo padrasto, na cidade de Alagoinha, interior de Pernambuco. O monstro, que molestava continuamente a menina desde seus 6 anos e também a irmã de 14 – deficiente física e mental –, ainda teve a ousadia de dizer que as meninas o “provocavam”!
Sabemos que monstruosidades como essa acontecem, todos os dias, pelo mundo afora. Mas este caso, em especial, horroriza não apenas pela crueldade de um crime hediondo, como também pela atitude, no mínimo, pecaminosa da Igreja Católica: fielmente representada pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, excomungou a mãe da menina por ter permitido interromper a gravidez da filha.
Sendo que os médicos que acompanharam o caso concluíram que somente o aborto salvaria a vida daquela criança subnutrida e franzina. Isso sem contar que, tendo (apenas!!) 9 anos, e, portanto, com os órgãos ainda em formação, não suportaria carregar mais duas crianças em seu pequenino ventre.
Mas essa, ainda, não era uma razão suficientemente forte para a Santa Igreja Católica que, na pessoa de dom José, puniu também os médicos pelo crime de aborto. (É importante dizer que, em momento algum, dom José sequer mencionou o estuprador). Para dar a “última paulada”, num comentário aterrorizador, disse ainda que o crime de aborto é pior do que o de estupro.
Diante desse absurdo, fico aqui me perguntando: para quem, neste caso, o crime de aborto é pior? Quem determina isso? É Deus? Ou são os homens da Santa Igreja?
Não discuto a posição da Igreja ser contrária ao aborto. Envolve princípios. Mas temos de pensar, antes de tudo, que cada caso é um caso. Temos de pensar e agir, antes de tudo (uma vez que a menina corria risco de morrer) com misericórdia. Não é isso que prega a Igreja? Neste caso, ao excomugar mãe e equipe médica, a Igreja Católica, mais uma vez na sua história, transgrediu suas próprias leis. E, pecou.